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CARLOS ALBERTO MEDEIROS

Intelectual e Militante do Movimento Negro no Brasil

 

Intelectual e militante ligado à causa negra no Brasil e na Diáspora há pelo menos quatro décadas, Carlos Alberto Medeiros tem atuado numa diversidade de áreas que incluem desde a produção de textos, filmes e vídeos, estes últimos realizados no Brasil e na África, até o exercício de cargos públicos nos diferentes níveis de governo.  Graduado em Comunicação e Editoração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense e Doutor em História Comparada pela UFRJ, tem participado como conferencista, palestrante ou debatedor de atividades promovidas por instituições de ensino superior no Brasil e nos Estados Unidos, incluindo algumas das chamadas “historicamente negras”, ou HBCUs.  Essas atividades o têm levado, assim, a instituições como Cornell, Brown, Johns Hopkins e UCLA, da mesma forma que a Howard, Morehouse, Spellman e, nos últimos anos, à Southern University, de Baton Rouge, Louisiana, com a qual tem colaborado no estabelecimento de parcerias com universidades brasileiras.  O teor de suas apresentações, que mostram as diferentes nuances do racismo brasileiro e o modo como os negros o enfrentam, não excluindo uma visão comparativa com a questão de raça nos Estados Unidos, faz com que seja convidado por organizações afro-americanas, a exemplo de 2004, quando proferiu a conferência de abertura do Encontro de Primavera da Black Psychiatrists of America, realizado em Kansas City, no Missouri.

 

No âmbito do governo, Carlos Alberto Medeiros foi Superintendente e depois Chefe de Gabinete da Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Negras – Sedepron, do Estado do Rio de Janeiro, primeiro órgão desse nível destinado a combater a discriminação e a desigualdade raciais no Brasil.  Foi seu primeiro trabalho com Abdias Nascimento, o grande líder afro-brasileiro do século XX, a quem depois acompanharia como Assessor Especial no Senado Federal e Subsecretário de Integração Racial na Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania do Rio de Janeiro.  Seu último cargo público foi à frente da Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial do Município do Rio de Janeiro.

 

Fundador e membro da diretoria do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras – uma das primeiras organizações do chamado Movimento Negro contemporâneo –, foi um dos responsáveis por dar um verniz acadêmico ao discurso da militância e levá-lo a uma diversidade de plateias – em associações, clubes, sindicatos, escolas e universidades –, contribuindo para aumentar a simpatia ou pelo menos reduzir a animosidade despertada pelas ideias do movimento.  Na mesma direção, trabalhou no interior deste defendendo as políticas de ação afirmativa, incialmente rejeitada por setores importantes, e ajudou a difundir essa ideia pelo conjunto da sociedade.  Isso o levou a participar, como expositor, de audiências públicas na Câmara e no Senado, parte de um processo que acabou possibilitando a adoção dessas políticas nos diferentes níveis, apesar da campanha enviesada contra elas dirigida por grande parte da mídia.

 

Na área audiovisual, sua primeira incursão foi Passado africano, produzido em meados da década de 1970, que, utilizando a hoje superada tecnologia de slides acompanhados de gravação, focaliza as civilizações africanas do Sudão Ocidental (Gana, Mali e Songhai), desfazendo a imagem da África como um continente sem história.  Em parceria com Asfilófio de Oliveira, o Filó, atuou como roteirista, repórter e locutor numa série de documentários que retratam os africanos os seus descendentes – não apenas no Brasil – do ponto de vista político, artístico e cultural, os quais podem ser acessados pelo site da Cultne (www.cultne.com.br).  Destacam-se Gorée, o memorial da esperança, realizado no Senegal, e O Brasil em Durban, que retrata a participação brasileira na Conferência Mundial contra o Racismo, que teve lugar na África do Sul em 2001. 

 

Carlos Alberto Medeiros é autor de Na lei e na raça. Legislação e relações raciais, Brasil – Estados Unidos (Rio de Janeiro: DP&A, 2004), resultado de sua dissertação de mestrado, que compara o impacto da lei sobre as relações de raça nos dois países (comparação que depois apareceria em outros textos), e coautor (com Jacques D’Adesky e Edson Borges) de Racismo, preconceito e intolerância (São Paulo: Atual, 2001, 7ª ed. 2012). Também tem textos em coletâneas e artigos publicados em revistas e jornais, como “Brasil, Estados Unidos e a questão racial: a fertilidade de um campo cheio de armadilhas”, in Paiva, Angela R. (org.), Ação afirmativa em questão: Brasil, Estados Unidos, África do Sul e França (Rio de Janeiro: Pallas, 2013); “Paving paradise: the road from ‘racial democracy’ to affirmative action in Brazil” (com Sérgio da Silva Martins e Elisa Larkin Nascimento), Journal of Black Studies, Vol. 34, n. 6, African Descendants in Brazil (jul., 2004), p. 787-816; “Produção acadêmica e hegemonia racial”, in Madeira Filho, Wilson (org.), Direito e justiça ambiental, Rio de Janeiro: PPGSD/UFF, 2002; “Privilégios ameaçados”, O Globo, Rio de Janeiro, p. 7, 21/12/2001 (em parceria com Ivanir dos Santos); “Ação afirmativa e honestidade intelectual”, O Globo, Rio de Janeiro, p. 7, 19/04/2002 (também com Ivanir dos Santos); “Negro: o outro lado da história”, Intercâmbio, n. 1, jan.-abr. 1986; “Os negros e a questão partidária”, Revista do PMDB, n. 3, ago/set. 1982.

 

Tradutor, com dezenas de obras vertidas do inglês, Carlos Alberto Medeiros é responsável pelo texto em português de 23 livros do sociólogo Zygmunt Bauman, entre os quais Amor líquido, Identidade, Vidas desperdiçadas, Vida líquida, Vida para consumo, Bauman sobre Bauman, Vigilância líquida, Cegueira moral e Estranhos à nossa porta. Também traduziu A Autobiografia de Martin Luther King, organizada por Clayborne Carson, trabalho em que pôde aliar a experiência e o conhecimento acumulados na militância, na academia e no exercício profissional. E sua primeira tradução do francês, publicada em 2021, foi Por uma revolução africana, de Frantz Fanon.

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